A glândula hipófise, chamada antigamente de glândula pituitária (do latim, Pituita = secreção mucosa), está localizada na sela turca (uma formação do osso esfenoide), na fossa média do crânio.
Galeno acreditava que a secreção nasal era proveniente do encéfalo, atribuindo o nome de pituitária.
Somente no século XVII que verificaram que a hipófise não está relacionada com a secreção nasal.
O termo hipófise significa hipo = abaixo; fise = crescimento, o nome foi atribuído a glândula por se desenvolver (crescer) abaixo do encéfalo.
Pode ser dividida em duas partes: neuro-hipófise (parte posterior da glândula) e a adeno-hipófise (parte anterior da glândula) entre elas há uma pequena porção denominada de parte intermédia (atrofiada no ser humano, contudo em outras espécies apresenta funções relevantes).
Inferiormente a hipófise podemos localizar o seio esfenoidal do osso esfenóide, que forma parte do teto da cavidade nasal, assim, o acesso cirúrgico minimamente invasivo da hipófise é por meio da cavidade nasal, atravessando o seio esfenoidal e acessando a hipófise inferiormente (acesso transesfenoidal).
Na região ântero-superior da hipófise podemos localizar o quiasma óptico (uma formação do hipotálamo) que contém o cruzamento das fibras nasais da retina de cada olho (as fibras nasais de cada retina captam informações visuais do campo temporal).
Em torno da hipófise podemos observar o seio cavernoso (um plexo venoso) e lateralmente a hipófise as artérias carótidas internas.


A glândula hipófise é uma estrutura ovóide (cerca de 12 mm de diâmetro transversal e 8 mm de diâmetro anteroposterior, e com um peso médio de 500 mg no adulto), é contínua com o infundíbulo, um prolongamento inferior oco, de formato cônico, derivado do túber cinéreo do hipotálamo.

Desenvolvimento embrionário
A hipófise está localizada no centro da sela turca (região denominada de fossa hipofisial), separada do restante do encéfalo por uma prega, de formato circular, derivada da dura-máter.
Podemos dividir a hipófise em duas partes:
- A neuro-hipófise: que se origina do sistema nervoso (no diencéfalo), que tem seu crescimento em direção inferior ( em azul).
A neurohipófise consiste em uma porção volumosa, denominada histologicamente de parte nervosa (pars nervosa).
- A adenohipófise: de origem ectodérmica a partir de uma projeção da boca primitiva (estomodeu), que desenvolve em direção superior, formando a bolsa de Rathke (em vermelho).
Constituída pelas partes: distal (pars distalis), tuberal (pars tuberalis) e intermédia (pars intermédia).

Na primeira imagem do lado esquerdo observe a linha em laranja esquematizando o ectoderma e a linha em azul o tubo neural.
Em seguida, o assoalho do diencéfalo se desloca inferiormente, enquanto o teto da cavidade oral primitiva se projeta superiormente.
O ectoderma forma a bolsa de Rathke com sua parede anterior se dilatando (diminuindo o tamanho da cavidade – observe o espaço diminuto da bolsa de Rathke na figura do lado direito).
A neuro-hipófise (parte nervosa) continua fixa ao diencéfalo por meio de um pedículo denominado de infundíbulo (composto por axônios provenientes de núcleos hipotalâmicos).
A adeno-hipófise não tem conexão anatômica com o sistema nervoso, sendo constituída por três partes, a maior delas é denominada de parte distal (pars distalis), uma parte que circunda o infundíbulo denominada de parte tuberal (pars tuberalis), e uma terceira parte denominada de parte intermédia (pars intermedia).
A neuro-hipófise e a adeno-hipófise são separadas por uma pequena fissura (esquício da bolsa de Rathke).
A neuro-hipófise inclui a parte posterior (pars nervosa), o infundíbulo e a eminência mediana (próximo ao túber cinério).

Corte sagital do encéfalo com foco na região hipotálamo-hipofisária.
Identifique a eminência mediana, na região proximal do infundíbulo.
Na eminência mediana neurônios parvocelulares liberam hormônios que influenciam a secreção de outros hormônios da adeno-hipófise.
Os corpos celulares agrupados no sistema nervoso formam núcleos.
No hipotálamo os núcleos supraóptico e paraventricular (magnocelulares), projetam seus axônios em direção a neurohipófise.
Os axônios partem dos núcleos e alcançam a neuro-hipófise atravessando o infundíbulo.
Na região da neuro-hipófise há a formação de uma rede capilar proveniente da artéria hipofisária inferior, desta forma, os hormônios produzidos no hipotálamo são secretados pela neurohipófise na rede capilar.
Vascularização
As artérias da hipófise originam-se das artérias carótidas internas, são elas: artérias hipofisárias inferiores e superiores.
A artéria hipofisária inferior circunda e entra na neuro-hipófise para suprir seu leito capilar, recebendo os hormônios secretados: ADH e ocitocina.
As artérias hipofisárias superiores suprem a eminência mediana do túber cinério, a parte superior do infundíbulo.
Nessa região formam o plexo capilar primário (que recebe os hormônios liberadores dos neurônios parvocelulares do hipotálamo).
Esse plexo capilar primário é drenado pelas veias porta-hipofisários, em direção ao plexo capilar secundário, que está localizado em torno da adeno-hipófise, desta forma, os hormônios liberadores do hipotálamo alcançam os trofos da parte distal da hipófise, controlando sua secreção.


Os hormônios do hipotálamo são secretados na corrente sanguínea de acordo com a presença de hormônios liberadores (releasing) ou inibidores.
São eles:
GHRH (hormônio liberador de hormônio do crescimento);
GHIH (Hormônio inibidor do GH);
TRH (hormônio liberador de tireotrofina);
CRH (hormônio liberador de corticotrofina);
GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina);
PRH (Hormônio estimulador da prolactina);
PIH (Hormônio inibidor da prolactina).

Esses hormônios são liberados pelos neurônios parvocelulares do hipotálamo (principalmente provenientes do núcleo arqueado).
A liberação desses hormônios é feita no plexo capilar primário, formado pela artéria hipofisária superior (na região superior do infundíbulo).
Na corrente sanguínea, esses hormônios são transportados pelas veias porta-hipofisárias até o plexo capilar secundário, localizado na região da adeno-hipófise, desta forma, atuando sobre as células cromófilas basófilas ou acidófilas (somatotrofos, corticotrofos, tireotrofos, gonadotrofos e lactotrofos).
Adeno-hipófise
A adeno-hipófise é altamente vascularizada.
Ela consiste em células epiteliais de tamanho e formato variados, organizadas em cordões ou agregados irregulares, entre os quais se encontram capilares fenestrados de paredes delgadas.
A maioria dos hormônios sintetizados pela adeno-hipófise são tróficos (relacionados à ela).
São seis hormônios no total:
Prolactina (Prl) = estimula o crescimento do tecido da mama e a produção do leite.
Hormônio do crescimento (GH) = envolvido no controle do crescimento do corpo.
Hormônio tireoestimulante (TSH – tireotrofina) = como o próprio nome diz, estimula a glândula tireóide a produzir os hormônios T3 e T4 .
Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH – corticotrofina) = controla a secreção de certos hormônios do córtex da glândula suprarrenal. A pró-opiomelanocortina (POMC) é o precursor da adrenocorticotrofina (ACTH), ambos são hormônios glicoproteicos.
Hormônio luteinizante (LH) = induz a secreção de progesterona pelo corpo lúteo e a síntese de testosterona pelas células de Leydig no testículo.
E hormônio folículo estimulante (FSH) = estimula o crescimento de folículos ovarianos e a secreção de estrógenos pelo ovário, e a espermatogênese (atuando sobre as células testiculares de Sertoli).
Os dois últimos denominados de gonadotrofinas.
A secreção dos hormônios da adeno-hipófise é regulada por ações hormonais provenientes do hipotálamo, via sistema porta-hipofisário.

As células epiteliais endócrinas, que secretam os diferentes hormônios da adeno-hipófise, são distinguidas em parte pelas suas diferentes afinidades por corantes.
Quando as células têm afinidade com o corante são denominadas de cromófilas (que podem ser acidófilas ou basófilas).
São células acidófilas:
- Somatotrópica = secretores de GH, hormônio do crescimento ou também chamada de somatotropina.
Lactotrópica ou Mamotrópica = secretores de prolactina.
São células basófilas:
- Gonadotrópica = secretores de FSH e LH
- Tireotrópica = secretores de TSH
- Corticotrópica = secretores de ACTH e α-MSH (que estimula a produção de melatonina)
As células cromófobas são consideradas células cromófilas quiescentes ou degranuladas, ou células precursoras imaturas; elas constituem até a metade das células da adeno-hipófise.

Repare na imagem que as células acidófilas e basófilas foram coradas, enquanto que a cromófoba permanece sem corar.
Neuro-hipófise
A neuro-hipófise secreta dois hormônios produzidos pelos núcleos hipotalâmicos (supra-óptico e paraventricular):
Ocitocina e hormônio antidiurético (ADH ou vasopressina).
Os hormônios liberados na corrente sanguínea pela neuro-hipófise são:
A vasopressina (ou hormônio antidiurético, ADH), que controla a reabsorção de água pelos rins (por inserção de canais de aquaporina no túbulo contorcido distal e ducto coletor);
E a ocitocina, que promove a contração da musculatura lisa uterina (durante o parto) e a ejeção do leite pela mama (durante a lactação).

Referências Bibliográficas
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